“Stanzas”, de Emily Brontë

Stanzas


Often rebuked, yet always back returning

To those first feelings that were born with me,
And leaving busy chase of wealth and learning
For idle dreams of things which cannot be:

Today, I will seek not the shadowy region;
Its unsustaining vastness waxes drear;
And visions rising, legion after legion,
Bring the unreal world too strangely near.

I’ll walk, but not in old heroic traces,
And not in paths of high morality,
And not among the half-distinguished faces,
The clouded forms of long-past history.

I’ll walk where my own nature would be leading:
It vexes me to choose another guide:
Where the grey flocks in ferny glens are feeding;
Where the wild wind blows on the mountain side.

What have those lonely mountains worth revealing?
More glory and more grief than I can tell:
The earth that wakes one human heart to feeling
Can centre both the worlds of Heaven and Hell.

Estâncias

Já me reprovaram e volto sempre
Aos primeiros sentimentos que nasceram comigo;
Deixo de correr atrás do ouro e do conhecimento,
Para sonhar apenas com maravilhas impossíveis.

Mas hoje,
Não descerei mais ao império das sombras;
Tenho medo da sua frágil e decepcionante imensidão,
E meu sonho, povoado com legiões inumeráveis,
Torna este mundo sem forma estranhamento próximo.

Caminharei, 
E ficarão para trás as antigas veredas do heroísmo,
E os caminhos já exaustos da moralidade,
E o imprevisto aglomerado de faces obscuras,
Ídolos em bruma de um passado já longínquo. 

Caminharei,
Onde só agradar à minha alma caminhar,
(Não posso suportar a escolha de outro guia)
Onde os rebanhos se acinzentam no verde das campinas,
Onde o vento alucinado vergasta o flanco das montanhas.

Que pode revelar a montanha solitária?
Nada exprime sua glória e sua dor.
Minha alma dormia, quando a terra despertou,
E o círculo do Céu ao círculo do Inferno

Confundindo-se, à terra deram nascimento.

Tradução de Lúcio Cardoso.

O vento da noite (Edição bilíngue)

“Stanzas” é um dos 33 poemas reunidos em O Vento da Noite, de Emily Brontë, e foi um dos poemas do livro que mais me marcaram durante a leitura (que ainda não terminei, pois sem pressa).

Entre os tantos motivos mais ou menos obscuros por que um poema nos marca, acho que esse me capturou por sugerir, indiretamente e por uma via pessoal, o tema da própria criação literária, que me interessa muito, por mostrar um eu lírico muito autêntico, que me fascina quando diz: I’ll walk where my own nature would be leading:/ it vexes me to choose another guide, e por dialogar com imagens e questões da obra de John Milton, que estive lendo nos últimos meses e na qual continuo pensando. Mas provavelmente são os motivos obscuros os que me levaram a voltar e reler o poema algumas tantas vezes.

Confesso que a tradução livre de Lúcio Cardoso não me conquistou, mas fiquei encantada pelos poemas na língua original, e por isso escolhi comprar a edição da Civilização Brasileira, que é bilíngue, ao invés da edição esteticamente mais atraente mas que não é bilíngue da José Olympio.

No geral, os poemas são muito melódicos e rítmicos: quando não pedem para ser cantados, ao menos exigem uma leitura em voz alta, para sentir e saborear a vibração dos sons na língua e nos dentes. Também trazem uma riqueza de aliterações e rimas interessante, e embora sejam um pouco monotemáticos – alguns parecem variações do mesmo exercício –, estão muito bem escritos e produzem a sensação de um livro coeso, com as perspectivas de um eu lírico romântico e selvagem que muitas vezes me lembra o estilo de Cathy, protagonista de O Morro dos Ventos Uivantes (obra que deu fama a Emily Brontë) – e nem que fosse só por isso, já valeria a leitura.

Além de caminhar com O vento da noite, também estou relendo O morro dos ventos uivantes. E, com o objetivo de compartilhar algumas das minhas impressões sobre a leitura, fiz um vídeo a respeito da primeira parte do livro, que está disponível no canal do Duras Letras no Youtube

30 contos incríveis de H. G. Wells para adicionar hoje à sua lista de leituras

H. G. Wells (Londres, 1866-1946) é até hoje um dos mais prodigiosos e conhecidos autores de ficção científica, tendo escrito clássicos como A guerra dos mundos, A ilha do doutor Moreau, O homem invisível e A máquina do tempo. Mas o que muita gente não sabe é que, entre as centenas de histórias mais ou menos famosas que Wells escreveu, há uma grande quantidade de contos extraordinários que, além da ficção científica, contemplam os gêneros da fantasia, do terror, da aventura e até do realismo (geralmente, contos muito cômicos ou filosóficos neste último caso).

Pensando nisso, elaboramos para vocês uma lista com a seleção dos meus 30 contos favoritos de Wells, mesclando entre esses diversos gêneros que a literatura do autor abarca. (Até agora, nenhuma coletânea incluiu a tradução de todos eles para o português em volume único, mas um passarinho me contou que vem coisa boa por aí! Aguardem. ♥)

Decidimos não dividir a lista por gênero porque muitos dos contos caberiam em mais de um enquadramento. Por exemplo, será que The Star ficaria melhor classificado como ficção científica ou terror cósmico? E My first aeroplane“Alauda Magna”, aventura ou realismo? Do mesmo modo, muitos outros podem ser lidos e compreendidos por mais de um ponto de vista, já que não existe pureza na distinção dos gêneros literários. De um jeito ou de outro, temos certeza de que nessa seleção é possível encontrar contos para os mais diversos tipos de leitores.

Ah! Outro ponto importante: os contos não estão na ordem dos meus favoritos – preferi organizá-los por ordem cronológica, de acordo com o ano da primeira publicação (vocês sabem, é tão difícil escolher… rs). Alguns deles já foram traduzidos e podem ser encontrados à venda em sites e livrarias. Recomendamos a leitura do e-book de A porta no muro, lançado pela editora Wish no projeto Sociedade das Relíquias Literárias. O livro pode ser baixado gratuitamente clicando aqui. 📚🦊

Também vamos deixar no final desse post alguns links para compra de livros de H. G. Wells. Usando nosso link, você apoia o nosso trabalho sem pagar nem um centavo a mais por isso. 🤩

A lista completa dos 30 contos de H. G. Wells vocês conferem logo abaixo. Esperamos que gostem!

  1. The Diamond Maker (1894)
  2. Mr. Ledbetter’s Vacation (1894)
  3. The Flowering of the Strange Orchid (1894)
  4. Aepyornis Island (1894)
  5. In the Abyss (1894)
  6. In the Modern Vein (1894)
  7. The Obliterated Man (1895)
  8. The Moth (1895)
  9. Pollock and the Porroh Man (1895)
  10. A Catastrophe (1895)
  11. The Magic Shop (1895)
  12. A Slip Under the Microscope (1896)
  13. The Story of Late Mr. Elvesham (1896)
  14. The Rajah’s Treasure (1896)
  15. The Red Room (1896)
  16. The Apple (1896)
  17. The Sea Raiders (1896)
  18. The Crystal Egg (1897)
  19. The Star (1897)
  20. A Story of the Stone Age (1897)
  21. Miss Winchelsea’s Heart (1898)
  22. The Man who Could Work Miracles (1898)
  23. Jimmy Goggles the God (1898)
  24. A Dream of Armageddon (1901)
  25. The Story of the Inexperienced Ghost (1902)
  26. The Country of the Blind (1904)
  27. The Door in the Wall (1906)
  28. A Moonlight Fable (1909)
  29. My First Aeroplane – “Alauda Magna” (1910)
  30. Little Mother up the Mörderberg (1910)

Links para os livros de H. G. Wells

🪐 A Guerra dos Mundos

Suma: https://amzn.to/3iqGVoK
Excelsior (edição de luxo): https://amzn.to/3B8R5mC
Martin Claret: https://amzn.to/3rgqTlq
Principis: https://amzn.to/2VUo7H8

🪐 A Ilha do doutor Moreau

Via Leitura: https://amzn.to/2TitvCS
Panini: https://amzn.to/2UgDl92
Principis: https://amzn.to/3ilTzpa
L&PM Pocket: https://amzn.to/2UX05dP

🪐 A Máquina do Tempo

Suma: https://amzn.to/36GZmAr
Zahar: https://amzn.to/3ew1vTJ
Principis: https://amzn.to/3ipP24X

🪐 O Homem Invisível

Zahar: https://amzn.to/3zdI1uO
Zahar (edição comentada): https://amzn.to/3irosbV
Alfaguara: https://amzn.to/2US9OlN

🪐 O País dos Cegos e Outras Histórias (coletânea de contos)

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🪐 Boxes

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