E o assunto era o sexo, falavam, falavam, falavam demais, mais que demais, um acinte. Sentados os três, me subtraio da equação pois eu em nada estava presente, diziam de foder e de transar, delícias, enfim. O leitor não me interprete mal, não sou dessas alminhas recatadas, gosto sim de sexo, sexo não me cai mal.
Porém, me interesso muito pouco por aquilo que virou o sexo. Sim, eu sei, pareço um desses velharões costurando saudades, remoendo uma vida inteira do que poderia ter sido, mas não foi. Tenho lá minha bagagem, deixei algo na estrada, mas quem não tem? Ao fundo, em tons retorcidos de aparelho de áudio moribundo, Caetano canta:
Mas não tem revolta, não
Eu só quero que você se encontre
Ter saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio.
Voltemos ao sexo, sim, pois bem. O que me incomoda, talvez sim velharão, é que não, tudo às claras. Não, tudo em palavras. Não censuro, indecências, insolências, maledicências. Também tenho minha porção de palavras boas, fortes e frágeis com as quais canto, delicado, meus desejos de homem maduro. Mas acontece que, talvez ridículo, romântico, raquítico no amor, eu busque algo de ninar entre os cochichos ao pé do ouvido. Nada me desconvence de que gemer é chamar a mãe.
Afinal, a nudez é algo tão frágil, tão forte. O corpo, só corpo, deslizando aos borbotões entre o suor e o sêmen. Pensando assim, é bonito, mas bonito em silêncio. Eles, do silêncio não sabem nada. Ficam narrando e narrando e narrando. Não sabem os moços nada sobre o silêncio. Não sabem os moços que o fundamental, para muito além desse papo de pau, se diz calado, ainda que o silêncio assuma um idioma de ruídos, gemidos, mordidas, saliva e ruminação.
Agora canta Lupicínio:
Esses moços, pobres moços.
Ah! Se soubessem o que eu sei.
Eu vou embora.